Existem Normas Regulamentadoras, como a NR 11 e NR 12, que falam da importância do conhecimento técnico para operar equipamentos de cargas pesadas. Neste conteúdo, entenda sobre um deles: a capacidade residual da empilhadeira.
Inclusive, descubra quais são os principais fatores que impactam nesse conceito e garantem a segurança das operações logísticas para todos os envolvidos. Os tipos de rodas desses maquinários é um deles e merece a sua atenção.
Conforme a Revista Intralogística, produzida pela IMAM Consultoria e Treinamentos de Supply Chain, o tombamento de empilhadeiras indica 22% das causas mais comuns de fatalidade no setor. E isso tem tudo a ver com o nosso tema!
Entenda o que é capacidade residual da empilhadeira
Antes de falarmos do tipo de roda, o ideal é entendermos o conceito de capacidade residual da empilhadeira. A definição é a seguinte: o máximo de carga que um equipamento pode transportar e/ou elevar com segurança.
Ou seja, não é apenas sobre a força do maquinário – porque isso é chamado de capacidade nominal. O residual tem a ver com o máximo suportado, o que pode ser alterado a partir dos desafios da operação.
Toda movimentação logística tem que acontecer sem riscos para operadores e outros profissionais do setor. Dessa forma, a capacidade residual pode mudar dependendo das características das mercadorias e da disposição delas.
Para que se chegue ao valor dessa capacidade, vários testes internacionais devem ser feitos, como na estabilidade do maquinário. Logo, não é preciso calcular porque os gráficos são disponibilizados pelos fornecedores.
Com base na norma ISO 22915, os fornecedores devem simular diferentes condições de operação de modo que se verifique os limites máximos de altura e elevação. Nas empresas, os operadores devem respeitar esses limites.
Algumas características das cargas e do equipamento são determinantes para que se chegue ao valor recomendado da capacidade. Para entender isso, precisamos falar de outra teoria: o centro de gravidade.
A explicação sobre o centro de gravidade
Quando se inicia o processo de elevação de cargas, o centro de gravidade do equipamento se desloca e jamais deve passar do ponto de equilíbrio – se não, a empilhadeira vai tombar. Os físicos chamam isso de efeito alavanca.
O que acontece é que a força gravitacional puxa o palete para baixo e ganha mais força a cada milímetro que a carga sai do chão. Por isso, as empilhadeiras não conseguem manter a sua capacidade nominal na altura máxima de seus garfos.
Uma empilhadeira com capacidade nominal de 4.000 kgs pode suportar apenas 2.000 kgs quando a sua carga é levantada. Essa mudança é explicada porque temos que considerar a capacidade residual dela e não somente a nominal.
Logo, um profissional que não se atenta a esse detalhe pode fazer com que uma empilhadeira de 2.500 kgs tombe frontalmente ao levantar apenas 1.000 kgs. E sabemos o motivo: a relação do centro da carga com a altura de elevação.
Para todas as situações, a recomendação é usar a capacidade residual informada pelo fabricante. Além disso, movimentar o equipamento com mastro inclinado para trás e na menor elevação possível, são dicas valiosas para ter mais segurança.
O que comprovam as pesquisas no Brasil
Em 2019, o Luís Fernando da Silva pesquisou os riscos na operação de empilhadeiras em uma indústria de bebidas. O trabalho está no acervo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ele fala desse conhecimento técnico.
“As empilhadeiras são máquinas seguras, mas assim como outras podem causar acidentes[…]. Com a possibilidade de prevenção e diminuição das ocorrências. Geralmente, os acidentes são atribuídos à falta de formação ou treinamento dos operadores, ou falta de experiência”.
Inclusive, a revista, já mencionada neste texto, concorda com o que diz o Luís Fernando. “Operadores devem entender os princípios de estabilidade, incluindo o centro de gravidade, centro de carga e o triângulo de estabilidade”.
Quais os fatores que influenciam na capacidade residual dos equipamentos
A partir da definição acima, podemos considerar que a capacidade residual é uma espécie de medida de segurança para garantir que as operações aconteçam sem imprevistos. Existem alguns fatores que influenciam nessa condição. Confira.
Distribuição da carga
A distribuição da carga é um exemplo. Quando não são distribuídas corretamente, as cargas podem criar uma concentração maior de peso em um dos lados. O que acontece: o centro da carga se desloca para um dos lados, o mais pesado.
Altura da carga
A altura da carga nos dá mais uma ideia disso, com referência ao centro de gravidade. Basicamente, os volumes mais altos têm um centro gravitacional mais alto também; o que indica uma movimentação mais instável.
Excesso de carga
Um dos fatores mais óbvios é o excesso de carga, chamado de overhang. Quando um volume ultrapassa a medida do palete e do que pode ser transportado, ele foge dos parâmetros criados para o que é recomendado.
Dinamismo da carga
Alguns tipos de cargas são dinâmicos e se movimentam durante o percurso, como líquidos e das mercadorias de big bags. Com o balanço do equipamento, a posição pode oscilar e o manuseio influencia na capacidade residual.
Equipamento
Também há fatores sobre o próprio equipamento. A partir das características dele, saiba que a carga residual pode mudar. Entre elas: tipo de mastro; largura do chassi; o peso da bateria; e até mesmo os tipos de rodas.
Leia também: 5 problemas comuns em empilhadeiras elétricas e como resolver
Velocidade do equipamento
Com relação à velocidade, ela também interfere na estabilidade. Sendo assim, manobras acima do que é recomendado muda o centro da gravidade e causa acidentes. É preciso ter esse cuidado ao buscar mais agilidade na logística.
Acessórios
Como vimos, para se ter uma definição da capacidade residual é preciso que os maquinários passem por testes nas fábricas. Isso indica que usar acessórios extras, como garras hidráulicas e prolongadores, pode colocar a operação em risco.
O impacto da roda na capacidade residual da empilhadeira
As configurações da empilhadeira dizem muito sobre a capacidade residual delas e, por consequência, sobre a produtividade do setor, também. Entre as características que mais chamam a atenção, temos as rodas.
Sabia que as rodas de poliuretano (PU) suportam cargas mais pesadas do que as de borracha? O motivo é a composição. Ao ter uma dureza maior, as rodas de PU não só aguentam mais peso, como, também, aceitam diferentes tipos de cargas.
Outro motivo para entender isso são os rodízios. O mais comum é que as rodas de poliuretano tenham roscas bem mais finas do que as usadas nas rodas de borracha. Logo, isso também aumenta a capacidade da carga. Temos um artigo que faz uma comparação entre as rodas de empilhadeira de PU e as de borracha. Lá, tem a explicação para cada um dos pontos avaliados, como capacidade residual, durabilidade, proteção do piso, desempenho e custo-benefício.