Atualmente, o Brasil lança no mercado 620 mil toneladas de poliuretano e mais de ¾ é em forma de espuma. Dado o volume, há uma grande preocupação sobre o que fazer com o material após o uso. Por isso, a reciclagem de poliuretano é um tema importantíssimo.
Ao longo do texto, descubra por que o PU está cada vez mais em ascensão. E saiba, também, como solucionar o problema da decomposição, que pode levar dezenas de anos. De antemão, fique sabendo: ele pode ser reciclado a partir de várias técnicas e métodos!
A composição do poliuretano e as aplicações dele
Na hora de falar da reciclagem de poliuretano, precisamos dar um passo atrás e mencionar sobre a composição desse tipo de plástico. Trata-se de um polímero que vem da reação do poliol, diisocianato e outras matérias-primas que variam conforme a aplicação.
Já o nome vem da união das unidades de uretano ou carbamato e PU é a abreviação dele. Um fato curioso aqui é que a forma desse plástico também pode ser apresentada em líquido ou sólido, ainda que a espuma seja a mais conhecida delas.
Este é um dos polímeros plásticos mais usados na sociedade, aplicado em:
- Móveis;
- Revestimentos;
- Isolantes;
- Calçados;
- Vedações;
- Tintas;
- Preservativos e muito mais.
Na indústria, as aplicações do PU são motivadas pelas vantagens do material: resistência, flexibilidade, isolante térmico e acústico, além da aderência. Aqui no blog já falamos sobre isso, relembre! Por esses motivos, vários setores fazem uso do poliuretano atualmente:
- Construção;
- Automotiva;
- Calçados;
- Mineração;
- Equipamentos.
Quer saber alguns exemplos da aplicação do PU na indústria? Veja alguns:
- Cilindros;
- Amortecedores de impacto;
- Carretéis;
- Placas;
- Roldanas;
- Revestimentos de peças;
- Rodas (empilhadeiras, transpaleteiras, plataformas pantográficas e skates).
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E pensando em uma das principais preocupações atuais da sociedade, vem a pergunta: como é feita a reciclagem do poliuretano? Se for possível, como reciclar o poliuretano? Quais as técnicas? Enfim, vamos às respostas!
Por que fazer a reciclagem de polímeros?
Atualmente, em um momento que se fala tanto em indústria 4.0 e inovações tecnológicas, como pode ser feito o descarte do poliuretano? A mesma pergunta pode ser feita visando outros polímeros, como polipropileno (PP), polietileno (PE), poliéster (PET), nylon e teflon.
A sua resposta vai variar entre as únicas alternativas possíveis, sendo:
- Aterro sanitário,
- Incineração e
- Reciclagem.
O problema é que o descarte de PU em aterros é considerado uma péssima ideia. Afinal, os polímeros levam muito tempo para se decomporem e podem contaminar solo e água. Já a incineração pode gerar efeitos adversos com a liberação de gases poluentes na atmosfera.
Ou seja, ainda que sejam opções usadas, a incineração e o descarte em aterros não representam as boas práticas de ESG na indústria. Aliás, esse tema é fundamental para garantir um diferencial competitivo no mercado.
A reciclagem de PU é a melhor saída!
Essa análise simples nos leva a uma única resposta viável, a reciclagem do polímero! Sem qualquer dúvida, é a alternativa mais responsável para minimizar os impactos ambientais, pensando nos possíveis métodos de descarte que existem hoje.
Entre as vantagens da reciclagem, considere:
- Redução do envio de resíduos para aterros;
- Redução da emissão de gases de efeito estufa;
- Redução da necessidade do uso de materiais virgens;
- Conservação dos recursos naturais;
- Possibilidade de criar novos produtos com propriedades únicas.
Ainda que seja uma alternativa bastante promissora, a reciclagem tem seus desafios, especialmente no que diz respeito viabilidade. A seguir, confira 4 soluções inovadoras para a indústria reciclar o poliuretano e outros polímeros.
Como pode reciclar o poliuretano?
Sabemos que os polímeros são plásticos termorrígidos, de modo que os fragmentos não podem ser derretidos e nem fundidos de novo. Essa seria uma boa ideia para o reaproveitamento do poliuretano em um novo material plástico. Porém, é impossível.
A saída foi pensar em tecnologias e técnicas que pudessem tornar o poliuretano mais ecológico. E acredite: elas foram encontradas em vários lugares do mundo. Inclusive, no Brasil. A partir do próximo tópico você vai ver algumas dessas soluções.
1 – A reciclagem mecânica do poliuretano
A reciclagem mecânica do poliuretano diminui o tamanho das partículas do resíduo. Ou seja, é um processo que o transforma em novos produtos utilizáveis no mercado, a partir da fragmentação física em pedaços menores. Geralmente, as etapas são:
- Coleta;
- Triagem;
- Trituração;
- Moagem;
- Separação;
- Lavagem;
- Secagem;
- Composição com outros materiais.
Nesta solução, os resíduos industriais podem ser usados em resinas. Logo, se cria um tipo de material que tem propriedades ótimas para pisos e pistas de atletismo, por exemplo. Ou ainda para a fabricação das solas de calçados.
E também falando da reciclagem mecânica, saiba que a mistura de PU rígido e moído com cimento pode resultar em blocos de menor peso e maior condutividade térmica. Desse modo, há pesquisas sendo feitas para obter uma melhor resistência.
2 – A reciclagem química do poliuretano
A reciclagem do poliuretano acontece de forma química através da glicólise. Ou seja, há quebra de moléculas em componentes básicos, como polióis e isocianatos. A partir disso, é possível produzir novos materiais. O processo acontece em passos:
- Pré-tratamento;
- Despolimerização;
- Purificação;
- Armazenamento.
Empresas como BASF, Dow Química, Covestro, FoamPartner, RevoPur e Solvay têm investido nesses processos, como mencionado no estudo acadêmico da Universidade de Santa Catarina e na Revista RTI.
A ideia é criar um processamento químico de PU a partir do material usado. A partir disso, é possível extrair os polióis, que serão destinados à fabricação de novas espumas. Teoricamente, e a princípio, as novas espumas também serão usadas em colchões.
Os responsáveis pela pesquisa chegaram a dizer que “o objetivo é fornecer matéria-prima polimérica reciclada com uma qualidade comparável à das matérias-primas virgens”.
3 – A reciclagem energética do poliuretano
Mais uma ideia de reciclagem do poliuretano vem através da opção energética. Nesse caso, acontece a queima das partículas. O benefício ambiental está no fato de que a queima de resíduos pode acontecer por meio da biomassa. As etapas são:
- Pré-tratamento;
- Trituração;
- Queima controlada;
- Recuperação de energia;
- Controle de emissões.
Atualmente, vários países contam com esse tipo de alternativa, como a Espanha, que tem uma das maiores usinas de reciclagem energética de PU do mundo. A França e a Alemanha também são referências, gerando 17 MW de energia ou mais na sociedade.
4 – A reciclagem de poliuretano por degradação
Nessa busca por soluções alternativas, há uma ideia um tanto quanto diferente, a degradação. Elas continuam em fases de testes, por isso, são menos conhecidas. Mas, existem e representam uma inovação ao utilizar microrganismos para decompor o PU!
Isso porque um fungo foi encontrado na Amazônia e pode fazer esse trabalho. Por esse motivo, ele ficou chamado de “fungo que come plástico”. Nessa biodegradação, tudo acontece da seguinte forma:
- Pré-tratamento;
- Trituração;
- Inoculação;
- Degradação;
- Condições controladas;
- Monitoramento;
- Produtos finais.
Os estudantes da Universidade de Yale foram os responsáveis pela pesquisa inicial, que continua sendo processada. O fungo é o “Pestalotiopsis microspora”, um cogumelo capaz de ter uma dieta composta por plástico em um sistema anaeróbico.
A biodegradação do PU também está sendo estudada em outros países, como:
- Reino Unido (Universidade de Warwick),
- Alemanha (Fraunhofer Institute for Molecular Biology and Applied Ecology) e
- Dinamarca (Novozymes).
Na prática, ainda que existam os desafios, as aplicações podem ser bastante interessantes. Por exemplo, na produção de:
- Dióxido de Carbono-CO2 (refrigerantes, bebidas carbonatadas, plásticos),
- Metano-CH4 (biocombustível) e
- Biomassa (biogás, adubos).
E como está a reciclagem de poliuretano no Brasil?
No Brasil, a reciclagem de poliuretano segue as tendências mecânicas. Inclusive, com o exemplo da subsidiária da BASF, mencionada acima. Porém, alternativas químicas também têm sido referência por aqui.
Existe até estudo que falou sobre que a reciclagem de PU é viável para fins financeiros. Leia um trecho: “através da glicólise foi possível ter economia de até 10,9% na produção de um novo produto”. O estudo é de São Caetano do Sul e você pode ler depois.
Atualmente, a Empotech é uma das principais empresas do país que apoiam essa ideia sustentável de dar uma nova vida a um material tão incrível. E se você quer continuar por dentro desse mercado, conhecendo mais do PU e dos processos de reciclagem, leia o blog.